quarta-feira, julho 31, 2013

Uma questão de viés


[4952]

A propósito da corrente novela dos swaps, ocorre-me uma reflexão simples mas, todavia, oportuna. Vistas bem as coisas, a eventual parcialidade da Benfica TV, ultimamente tão demonizada por causa dos cameramen e dos sumaríssimos e mais não sei quê, é mais ética e saudável que a SIC Notícias.

A Benfica TV não engana ninguém. É do Benfica e fará o seu papel de instituição «adepta», se é que isto faz algum sentido. Mas tem a grande virtude de não enganar ninguém. Quem assinar e vir a estação sabe ao que vai e não tem que se surpreender. Diferente é a SIC Notícias. Dificilmente conhecerei instituição com uma atitude mais manipuladora, inverdadeira (como agora se diz), destorcedora de factos, casuística e enviesada. De que Ana Lourenço é, provavelmente, a detentora do viés mais pronunciado.
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terça-feira, julho 30, 2013

Tão fácil, tão claro...



[4951] 

Vídeo via Banda Larga

Não é preciso ser técnico para perceber o que são os swaps e a verdadeira história de tudo o que se passou. Uma vez mais me espanto com a bonomia com que se trata esta desfaçatez do Partido Socialista em fazer as maldades e acusar toda a gente de que não lhe dão tau-tau, como aliás já antes referi. E se agrava esta profunda repugnância por um governo que comprometeu várias gerações vindouras. Sem vergonha, sem escrúpulos, quiçá, em alguns casos, com objectivos muito para além da incompetência e irresponsabilidade, configurando acção dolosa. 

E quanto ao governo actual, vai sendo tempo de chamar os bois pelos nomes. Nomes é o que, de resto, João Cantigas Esteves pronuncia com clareza.
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segunda-feira, julho 29, 2013

Ainda não se tinham lembrado desta


[4950]

A SIC acabou de colocar um inquérito telefónico, em rebuscada prosa jornalística, no qual as pessoas deverão telefonar dizendo se concordam ou discordam com os despedimentos na função pública. Imagino que amanhã ou depois tenhamos dois preclaros comentadores a analisar os resultados.

Não lembraria ao careca!
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Um espectáculo único


[4949]

Foi um espectáculo único. Ver três milhões de pessoas no areal de Copacabana, um Papa bem disposto e folgazão e um grupo de normalmente hirsutos cardeais participando, de braços levantados, em cantoria e dança, comungando da alegria reinante, não é para todos os dia. Por mim, nunca tal tinha visto e não sei se será fácil ver outra vez.

Não sei se a virtude vem de um Papa genuinamente popular, se de uma multidão espontânea e naturalmente entregue à sua fé. Ou tudo junto. Mas que foi bonito de ver e comovente, foi.
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Começou a gritaria


[4948]

De repente anda tudo aos gritos. Quem, como eu, adormeceu com o televisor ligado e acorda com a SIC aos berros percebe que a crise está a ficar para trás e que as falinhas mansas de há dias, com aquela contenção das consciências pesadas e uma pretensa compostura com ares de sentido de estado deram lugar à rebaldaria do costume, aos gritos, ao nível baixo de quem a única maneira que conhece de fazer política (!!!!) é emitir os silvados de um comboio a frenar ou os guinchos de uma porca parideira. Dedo no ar, olhos faiscantes e profusa chuva de perdigotos, aí estão todos contra todos com razões, acusações, soluções e salvações à la carte, felizes por terem nascido, convencidos da sua indispensabilidade ao bem-estar e desenvolvimento nacionais, mais não fazendo que passar uma duvidosa carta de alforria à nossa proverbial estupidez.

Há exemplos para todos os gostos mas, como de costume, sobressai Jardim a chamar submarino a Portas e a dizer que a culpa dos males da Madeira é daquela gente lá em Portugal. Passos também aumentou os decibéis, na justa medida do aumento da sua auto-confiança, mas a miseranda actuação de Seguro ultrapassa os limites da condescendência, incomoda. Então desde que Soares disse que ele era fraco, ei-lo aos gritos, mas manifestamente sem jeito nenhum para aquilo e a suscitar a caridade e tolerância devidas aos pobres de espírito. E até Sócrates anda por aí à solta, com a vergonha no bolso.

Tudo junto e somado a sensação que fica é que ninguém sabe bem o que está para ali a gritar, nem porquê. O que ressalta é que de repente parece que não temos contas para pagar, que não atravessamos uma das mais humilhantes crises de identidade da nossa história, que a vida dos portugueses se desenrola na maior normalidade e há que actuar já em campanha. E por campanha entende-se a gritaria. Se alguma ideia ou afirmação interessantes surgem por entre os gritos será um mero acidente.
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domingo, julho 28, 2013

Barba «à la mode de chez nous»

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Tem de haver uma razão forte para a grande quantidade de portugueses que usa barba. Não se trata de uma barba convencional. É uma barba cuidadosamente desalinhada, meticulosamente rebelde e não maior que uma barba de meia dúzia de dias. 

Naturalmente que uma barba deste tipo tem de dar comichão e destrói colarinhos de camisas a um ritmo acelerado, para além de não dar muito jeito para a sopa ou para determinados tipos de sobremesa. Mas tem de ser assim. Os porquês é que não consigo descortinar. Terei as minhas opiniões mas guardo-as para mim, primeiro porque não estou verdadeiramente certo de que estejam correctas, segundo porque me arrisco a que um barbudo me pergunte o que é que eu tenho a ver com isso ou, pior, afirme que não entende porque é que eu faço a barba todos os dias.


Mesmo assim é curioso que a barba que refiro, e que de repente parece ter-se tornado «viral», como agora se diz, marca indubitavelmente um estereótipo. Normalmente, ainda, enquadrado num determinado cenário. Só a SIC, por exemplo, conta pelo menos com dez barbudos do tipo referido. E falo só de figuras conhecidas. Mas não pode ser só uma questão ambiental. Tem de haver uma razão qualquer. Ainda que uma para cada um dos barbudos, aceito a existência de uma qualquer afinidade subjacente.















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Sebastião come nada, nada, nada


[4946]

História trágico gastro sentimental do Sebastião

1ºdia

Sebastião sentiu-se pesadão, não gostou do que viu ao espelho, pesou-se e a balança acusou uns obscenos 86,5 kg. Disparadas as campainhas de alarme, calçou uns ténis e aí vai ele, correndo e caminhando durante quatro sólidos quilómetros, zangado consigo, zangado com a vida, zangado com a dieta mediterrânica.

Durante uma semana inteirinha, o Sebastião comeu atum, escalopes grelhados com salada de agrião, postas de peixe grelhado com bróculos a saber a trapos, cenouras a saber a fenolftaleina, fruta, hectolitros de água e diariamente sacolejava os tecidos adiposos, os músculos e os ossos em caminhadas e corridinhas, concentrado e determinado.

Ao fim da semana, pesou-se e a balança acusou 86,2 kg.

2ªsemana

Sebastião questionou-se sobre como é que uma semana de tamanhos sacrifícios, como a transacta, só lhe havia dado um bónus de 300 gramas. Mas achou que era mesmo assim, que Roma e Pavia não se fizeram num dia e optou pela perseverança. Durante mais uma semana seguiu exactamente o mesmo programa alimentar e de exercício, o estômago emitindo já lancinantes roncos de fome ao deitar e os músculos e articulações cada vez mais recalcitrantes. Ao fim da segunda semana, a balança acusou 85,4 kg.

3ªsemana

Sebastião achou que os resultados não eram ainda espectaculares mas, que diabo, sempre tinha perdido 1.100 g em duas semanas e, perseverante, continuou o sistema. Começou a sentir-se mentalmente embotado e com receio de estar entrando num gradual processo de estupidificação, mas continuou. Ao fim da semana a balança acusou 85,2 kg. Hum…apenas duzentos gramas de perda nesta semana, mas lembrou-se que numa refeição qualquer esqueceu-se e açucarou o café com uma miserável colherzinha de açúcar. É, talvez fosse isso, de resto, no total já tinha perdido 1,3 kg.

4ª, 5ª e 6ªsemanas

O mesmo programa, o mesmo cansaço, as meninges cada vez mais preguiçosas, os músculos cada vez mais comparados aos bifes de antigamente que a avozinha dele batia com um martelo de madeira antes de os fritar. A balança, ao fim da 6ª semana acusava então 84,5 kg. Sebastião achou que a perda de 2 kg era uma conquista razoável, apesar da tortura diária das corridas, da comida insípida e de o espelho não lhe mostrar melhorias por aí além, aquela curvinha de prosperidade relevando a partir do abdómen, por ali abaixo até regiões onde os homens acham que o único sítio onde o volume pode aumentar não vem a propósito nem é para aqui chamado. No fim da semana, Sebastião achou que seis semanas de sacrifício faziam-no merecer um prémio. Passou numa pastelaria fina com amigos, fez cara de inocente e comeu um quindim.

Sebastião falou nesse dia com a namorada pelo skype. Pela conversa e vindo de nada, perguntou:

- Olha uma coisa, achas que estou mais magro, mais gordo ou na mesma?

Ela accionou aquele olho clínico que as mulheres têm e que lhes permite a visão prescrutante  que todas elas adquiriram em Krypton noutra vida qualquer (é impossível que as mulheres não tenham tido vidas anteriores, porque cada vez mais refinadas…) e respondeu laconicamente:

- Hum…não sei bem. Talvez estejas ligeiramente mais gordo. Mas não mais que um quilo.

Sebastião não acreditou. Achou que era do skype que deforma as imagens.

1ºdia do resto da vida do Sebastião

Levantou­-se, foi à balança que acusou 86,5 kg. Como dantes, quartel-general em Abrantes. Tudo aquilo lhe pareceu estranho. A única asneira que recordava era um minúsculo quindim. Que não deve pesar mais do que 50 g. Como é que os 2 kg vieram de volta?

Fez a barba, ignorou o espelho, olhou com desprezo para a balança, meteu-se no duche. Seguidamente parou na pastelaria perto de casa e pediu uma bica dupla e um magnífico croissant folhado com fiambre e manteiga. Ao almoço sentou-se no local do costume e viu o menu. Como pratos do dia havia entrecosto no forno com batatinhas assadas e arroz do assado, favas com entrecosto e enchidos ou «dobradinha» com feijão branco.

Mandou vir o entrecosto com as batatinhas no forno.
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sábado, julho 27, 2013

A «luta dele»


[4945]

Aqui estaria uma boa oportunidade para os professores em geral se assumirem como uma entidade de maior influência e responsabilidade cívica e consagrarem um módico de respeito que frequentemente desbaratam. Bastaria que pusessem este indivíduo na ordem, esta espécie de Che de bigode aparado à ribatejana curta, sonegando-lhe o apoio para este tipo de iniciativas. Porque nenhuma luta tem a prerrogativa de jogar com o futuro de crianças, de desrespeitar a vontade e os desígnios dos pais que não têm dinheiro para pôr os filhos no privado e, muito menos, de manipular a formação de crianças ao jeito de um qualquer revolucionário cubano, colombiano, boliviano ou nicaraguense.

Há anos que Mário Nogueira se diverte exercendo a luta dele, porque da luta dele se trata, usando aqueles que diz representar. E mal vai a classe dos professores em não se aperceber, (ou não querer aperceber-se) disso. E, já agora, o cortejo de idiotas úteis que lhe acham, a Nogueira, muita graça.
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sexta-feira, julho 26, 2013

Tiro ao boneco


[4944]

Descartados Relvas e Gaspar, Maria Luís Albuquerque tornou-se o bombo nacional. Bater na actual ministra das finanças tornou-se o desporto nacional corrente, sendo que a batida de preferência é chamar-lhe mentirosa. 

Tenho procurado, genuinamente, entender ou encontrar as «mentiras» de Maria Luis, mas confesso que tudo o que leio é um emaranhado de notícias, factos e retórica habilidosamente (ou nem por isso) trazidos à estampa, com o propósito claro de enredar Maria Luis num novelo de suspeições, ainda que pela parte que me toca, repito, não consigo detectar uma mentira que seja. Ao contrário, do que me apercebo é um cortejo de figurantes de uma ópera datada, onde não faltou sequer o ex-ministro das finanças do flagelo de Sócrates, fazendo afirmações que ninguém percebe ou, percebendo, facilmente as remete para uma tentativa idiota de convencer os portugueses de que temos uma mentirosa como ministra das finanças. Curiosamente, os fautores desta infâmia são os mesmos que permaneceram quedos e mudos por cada mentira de Sócrates. O que, de resto, acontecia, praticamente todos os dias. Dias houve, até, em que ele mentia mais do que uma vez por dia, intervalo de minutos, como quando foi da questão da TVI.

Só por isto, acho que Maria Luís tinha até direito a uma mentirinha ou outra. Mas não me parece que minta. Parece-me sim, que estes ataques continuam a ter sempre a mesma marca. E a trazerem-me à mente a ideia de que isto é sempre mais do mesmo. Esta rapaziada socialista faz-me lembrar aqueles bebés, afogados na própria trampa que fazem e que depois berram imenso porque os outros se esquecem de lhes mudar a fralda.
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quinta-feira, julho 25, 2013

Ter lata



O sonho de Costa. De bibicleta à volta do Marquês.

[4943]

Já há dias tinha reparado nesta notícia e nesta inenarrável foto.

Ainda hoje dou comigo a pensar na reconhecida capacidade dos socialistas de enaltecerem tudo o que fazem (sobretudo tudo o que não fazem, fazendo de conta que fazem, ou fazem valendo mais que o não tivessem feito). Mas o que verdadeiramente me surpreende é a dinâmica mais ou menos bovina instalada nos cidadãos, pela qual se demonstra uma total indiferença por aquilo que os socialistas não fazem, ou fazem mal e pela alacridade com que se colam a campanhas histéricas de cada vez que outros fazem o que deve ser feito, em nome do interesse do colectivo.

Um exemplo recente foi o autêntico reboliço criado à volta de um túnel idealizado e feito por Santana Lopes (uma obra que hoje ninguém discute e que de há muito provou a sua extrema utilidade) e que incluiu anos de atraso e prejuízos de vários milhões de dólares, porque um Zé que achava que nos fazia uma falta imensa achou por bem embargar e complicar. E depois olhamos para esta reunião em que o actual presidente, razoavelmente conhecido pela baralhada que provocou na rotunda do Marquês e dumas obras na baixa em nome dos cidadãos que devem andar pé ou de bicicleta, teve a desfaçatez de, sem se rir, dizer:

Nós lemos isto, pasmamos e depois deitamo-nos a fazer contas à tripla acção de António Costa, apesar dos bloqueios e desatamos logo a pensar no rigor em alternativa ao culto da austeridade, seja o que for que isso queria dizer, mas, como se sabe, os socialistas têm uma competência rara, qual seja a de dizer o que lhes vem à cabeça, achar que os outros entendem e, mais grave, as pessoas não entendem, mas acham que eles têm razão.

Faltava a Helena Roseta. Agora é que vai ser. Costa, Roseta e Zé faz falta vão-se fartar de fazer coisas boas em Lisboa. Apesar dos bloqueios.
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terça-feira, julho 23, 2013

Não fosse ele...e Mandela ainda estaria em Robben Island!





[4942]

«…De Klerk disse-me que não queria a África do Sul isolada do mundo. Desejava, de seguida, acabar com o apartheid. Respondi-lhe: "Isso é impossível." …»

 …«De Klerk disse-me que não queria a África do Sul isolada do mundo. Desejava, de seguida, acabar com o apartheid. Respondi-lhe: "Isso é impossível." …»

«…De Klerk ficou a pensar. E no dia em que, dadas as melhoras do meu filho, regressei a Lisboa, o ministro Pik Botha esteve de novo no aeroporto à minha espera e disse-me: "Hoje à noite vamos libertar dez prisioneiros políticos, como verá quando chegar a Lisboa. Mas não Mandela." Respondi-lhe: "É bom, mas não consegue resolver o problema do isolamento da África do Sul."…»

«…Passaram as semanas até que Mandela foi finalmente libertado. Foi uma explosão de alegria universal. O apartheid entretanto acabou e Nelson Mandela algum tempo mais tarde foi eleito Presidente da República…»

Estas afirmações de Mário Soares são retiradas da sua crónica do DN de hoje onde, no seu estilo próprio e a par das inanidades do costume sobre a decisão de Cavaco Silva e a providência cautelar da Alfredo da Costa, ele se arvora como que em mentor da libertação de Mandela. Não fosse João Soares ter tido o acidente à saída da Jamba e Mário Soares não ter ido a Pretoria visitá-lo (coisa de que a África do Sul tirou partido e vantagens) e de Klerk não teria libertado Mandela. É caso para nos questionarmos porque é que o Nobel foi atribuído a Mandela e de Klerk e não a Soares. Soares, muito provavelmente, fê-lo.

É penoso arrastar esta criatura pela história e arrostar com a sua inqualificável vaidade e permanentes disparates e pensar na sua objectiva contribuição para o trágico destino de muitos cidadãos. Nacionais e estrangeiros.
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sábado, julho 20, 2013

Bom fim-de-semana


[4941]

Com tanta alforreca e tanta visão distinta dos Partidos, nada como a visão serena da Charlize, mesmo que, provavelmente, pensando se é seguro ir à praia, por causa das alforrecas da Trafaria.

Bom fim-de-semana para todos.
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Não têm emenda...



[4940]

O acordo desagregou-se. Confesso que cheguei a acreditar. Mas a irresponsabilidade peculiar dos socialistas, apimentada pelo habitual cortejo de vaidades, castraram quaisquer veleidades de Seguro tomar uma decisão assisada e honesta.

Vou-me habituando à sina (trágica) de ter socialistas determinando o curso da minha vida. Com irresponsabilidade, total ausência de escrúpulos e mau carácter. Tive momentos em que pensei que um dia as coisas mudariam, quando a chama dos dinossauros socialistas perdesse, naturalmente, o fulgor. Mas a realidade ensina-me que não só eles têm uma vitalidade fora do vulgar, como têm sabido doutrinar uma camada de jovens que estão indubitavelmente a mostrar-se à altura da continuidade. Sem responsabilidade e sem escrúpulos. Para desgraça de Portugal e dos portugueses.
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As alforrecas comichosas e a defesa intransigente dos cidadãos


Banhistas coçando-se e o Estado toma medidas preventivas contra as alforrecas e microalgas

[4939]

Há três sólidos dias que as televisões cumprem o sacrossanto dever de tratar os portugueses como criancinhas a quem se diz para pôr o boné porque está muito sol, não vá eles começarem a deitar sangue pelo nariz. É a pressão do politicamente correcto, eu sei, é a osmose reconfortante do Estado paizinho aos cidadãos, já meio infantilizados, da ideia de que o Estado não só lhes guia o destino, como olha, com desvelo, por eles. 

Daí a esta cena dilacerante de estarmos a apanhar reportagens em contínuo sobre os banhistas com comichão provocada pelas alforrecas, é um passo. Não faltando a variante, científica, das microalgas, que já foram analisadas e são inofensivas, mas que as televisões insistem em referir. Isto não exclui o português valentão que afirma às reportagens, com firmeza e pundonor, que sabe das alforrecas mas vai ao banho. Ele e os filhos. Mas que não lhes aconteceu nada, a água é que estava um bocadinho fria. E nós, com algas inofensivas e alforrecas benignas continuamos a ter praias de «colidade» e com o Estado a mandar-nos pôr o boné porque está muito sol.
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sexta-feira, julho 19, 2013

Uma autêntica verruga da democracia e da liberdade...




[4938]

Uma vez mais Mário Soares, desta vez acolitado por Manuel Alegre e devidamente coberto pelo sinuoso Vítor Ramalho, soltou umas diatribes, pelas quais Seguro ficou a saber como é, no caso de as decisões dele não serem as que Soares quer. De resto, em linha com a conduta habitual de Soares, muito egocêntrica, arrogante, malcriada (ver o registo do tom em que ele avisa Seguro) é bem reveladora de como este homem nunca soube lidar com a liberdade, servindo-se dela para alcançar os seus fins e, mais importante, poder exercer o direito às bravatas imbecis a que ele nos habitou. Nos intervalos da sua irresponsável acção como governante e negociador, raiz da desgraça que açoitou milhares de pessoas.


Neste caso particular, nem interessa saber se Seguro deve fazer o acordo ou não. O que interessa é ver como Soares acha que deve ser. E como acha que o que ele acha não pode nem deve ser achado de forma diversa por mais ninguém. Acho eu.
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A juiz é que manda



[4937]

Que não nos sabemos governar nem deixamos que nos governem já o sabíamos, desde os romanos. Que tenhamos refinado ao longo dos séculos esta particularidade é que demonstra uma dinâmica letal. Pior do que isso, cava vez mais temos menos gente que está para nos aturar. E pagar as contas.

Este episódio do fecho da Maternidade Alfredo da Costa ilustra bem o que digo lá trás, já que configura um punhado de atitudes absolutamente estranhíssimas e intoleráveis. Um Ministério que tutela os hospitais e maternidades e que julga necessário fechar uma maternidade e que esbarra no mais surrealista dos cenários (agora diz-se surreal…). Trinta cidadãos acham que a MAC tem imensa tradição, excelência de tratamentos, que já lá nasceram 500.000 lisboetas, que o prédio é lindíssimo e não se pode fechar. Vai daí recorrem a um tribunal onde uma diligente juiz acha que eles têm muita razão e proíbe o ministério de fechar a maternidade. Vem ainda, escada abaixo, o bastonário da Ordem dos Médicos com a mais escavacada retórica, em defesa da providência cautelar e metendo-se até a afirmar que é por causa de atitudes como esta que o Ministério da Saúde tomou que estamos na difícil situação económica em que estamos.

Enfim, um rosário de vaidades, um ramalhete de imbecilidades e a cada vez mais arreigada noção de que este é mesmo um país de faz de conta. Onde os tribunais e os juízes, mesmo aqueles que não são designados pelos Partidos, como o Constitucional, metem o bedelho onde, na minha modesta opinião, não são chamados.
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quarta-feira, julho 17, 2013

A ler


[4936]

De ir às lágrimas. Ainda que me pergunte: E o Mário Nogueira? E mais aquele da Comissão de Pais?
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Engraçadismo ordinareco


[4935]

Os portugueses têm um excelente sentido de humor. E têm, sempre tiveram, grandes humoristas. Por isso, os portugueses não merecem que de vez em quando apareça alguém que acha que tem imensa graça mas que mais não consegue que revelar uma nota de mau gosto e deplorável grosseria. E transformar uma presumível chalaça numa «chachada» sem graça, ordinareca e que mostra bem vir de quem vem.

A chachada releva da capa do Jornal de Notícias de hoje e teve imediata repercussão nas redes sociais, como era de esperar. Já li por aí que «isto só acontece a quem não se faz respeitar». Deplorável.
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terça-feira, julho 16, 2013

Cornos e tomates


Uma cornada bem visível na coxa


Gente em tomatada

[4934]

Nunca entendi verdadeiramente as razões subjacentes às duas mais populares festas espanholas. A Tomatina, na qual valencianos e turistas vêm para a rua lançar tomates uns aos outros, no fim do que toda a gente parece um boneco de ketchup e a largada de touros, na rua, em honra de S. Firmino. Se na primeira não vem grande mal ao mundo, e acredito até que o pessoal se divirta, já na largada quase todos os anos morre gente e dezenas de pessoas vão parar o hospital, como este valentão da foto que há dias foi virtualmente perfurado na coxa, na virilha e noutro local qualquer. Na foto distingue-se perfeitamente o corno direito do bicho dentro da coxa do homem.

Não sei o que fazem aos touros depois deste tropel e de gente furada pelos cornos ou esmagada pela própria multidão. Os tradicionalistas dir-me-ão que são tradições e que, como tal, devem ser respeitadas, possivelmente atirar cristãos aos leões ou bruxas para a fogueira são práticas que deveriam ser respeitadas também. Por mim, digo que se os touros pensarem devem ir para o estábulo a pensar que o homem é um animal estranho e assim a atirar para o estúpido.
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Do gosto de dizer bem


[4933]

Se há coisas fáceis neste país é tropeçar em razões de crítica. Aqui e ali, ontem, hoje e amanhã surge sempre qualquer coisa que nos irrita ou, mesmo, põe os nervos em franja. Por isso me satisfaz registar que de duas vezes que estive com baixa hospitalar nos últimos três meses (logo eu, que sou ferozmente criticado pela família por estar anos sem ir ao médico) me fica um registo bem positivo do Serviço Nacional de Saúde. Em duas intervenções cirúrgicas (uma inesperada e outra programada) fui objecto de bom tratamento, profissional e humano que me apraz registar. Acresce que há um mês recebi uma chamada do Hospital S. Francisco Xavier, na qual uma médica indagou do meu estado de saúde. Ontem, uma enfermeira do Hospital de Santa Marta também me ligou e me dedicou dez ou quinze confortáveis minutos, perguntando-me como estava, comentando a medicação, questionando, sugerindo e tudo num confortável registo pessoal.

Às vezes, sabe bem dizer bem.

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segunda-feira, julho 15, 2013

Cuidado com o Tiago...


[4932]

… põe-te a pau, Miguel. Põe-te a pau, porque já não há muitos países que te aturam como nós. Não só te aturamos como te emulamos, por qualquer razão que me escapa. Mas põe-te a pau. Na tua infinita ignorância e imbecilidade, não reparas, ou não sabes, que quando havia muitos países onde o povo era todo comunista, convicto ou à força, acabava tudo na miséria e a morrer de fome. Sério. Informa-te. Havia bichas para comer, para morar, para te ensaboares no banho, para teres uma vela para acender de noite (a luz fartava-se de faltar…) e acabava tudo em bichas para cantar vivas ao regime e a dar palmas organizadas (o termo não é meu, é vosso…) e aí, a solução era o impulso internacionalista. O impulso não era teu, era o impulso que te diziam para teres, porque nestas coisas só os comunistas que mandam é que podem ter impulsos, os outros, os que não mandam, limitam-se a tugir. Havia sempre uns «países em desenvolvimento», com imensos líderes voluntariosos e carregadinhos de matérias primas e lá iam vocês todos, «internacionalistar», mentalizar, doutrinar e, de caminho, ajudar a prender ou a matar uns quantos mais recalcitrantes que abriam demais a boca ou andavam com uma nota de vinte dólares no bolso para «sabotar a economia» e a coisa lá ia dando para ires ganhar uns trocos. Não muitos, mas compensados com umas benesses para quando chegasses a casa. Um aspirador ou uma torradeira já chegava. Com sorte, um emprego importante.

Mas até esses países são cada vez menos, Tiago. Os líderes políticos cansaram-se de vocês… vocês «comiam tudo e não deixavam nada», como dizia o nosso bem intencionado Zeca, os países em desenvolvimento não desenvolviam porra nenhuma e os líderes passaram a preferir regimes políticos melhores. Longe de perfeitos, mas incomparavelmente melhores e mais saudáveis. Por isso os teus correlegionários regressaram a penates e não lhes restou alternativa que não fosse deitar o muro abaixo, dar uma carga de lenha no Ceausescu e engrossar a multidão que passou a perceber o mundo e a ver aquele filme Good Bye Lenine uma data de vezes e a tirar-lhe a raíz quadrada. E como estavam habituados a bater palmas, voltaram a aplaudir, muito, com a vantagem de não precisarem de «palmas organizadas». Era à balda, cada um aplaudia como queria e pelo tempo que lhe aprouvesse.

E assim se foi andando. Restaram um punhado de países, que se contam pelos dedos de uma mão, onde o comunismo medra ou, melhor dizendo, se aguenta, porque os que não aguentam ou conseguem fugir num barquito qualquer para a decadente Miami ou descolam de uma equipa de uma qualquer modalidade desportiva. Mas, hélas, Portugal está aí. Com a sua proverbial bonomia e com a sua idiotia inata, achando que há tiranos maus, com a Le Pen e tiranos bons, bonzinhos, como tu, que insistem em achar que temos a obrigação de te dar de comer, de vestir, tratar o pé-de-atleta e de permanecer atento, venerador e obrigado perante a tua superioridade moral e até te dá um lugarzinho de deputado. E num regime livre. Jamais encontrarás um outro país como ele. Mas põe-te a pau, Tiago. Porque, for argument sake, se um dia fôssemos todos comunistas, quem é que paga os teus «direitos»? Lá estavas tu condenado à miséria, às bichas para o pão, aos talões de racionamento. Podia ser até que, no início, já que és deputado, conseguisses o direito a uma casita na província. Mas, lá está. Mais dia mais menos dia acontecia-te como aos teus camaradas e terias de te tornar internacionalista, ó Tiago. Mas, põe-te a pau Tiago. Internacionalista aonde? Que me conste só se for para Cuba, Coreia do Norte ou para uma selva remota da Bolívia ou da Colômbia. E nesses países, imagina, pedem-te visto. Tens ainda a chance de seres internacionalista num país islâmico qualquer. Mas aí, não há funfuns nem gaitinhas… como bom tuga que és, como é que era depois com o entrecosto e o tintol? Como é que fazias?

Hum! Põe-te a pau, Tiago. Vale-te estar no país mais idiota do mundo que te atura e benze porque és um tiranete bonzinho. Idiota, mas bonzinho. Mas não te fies. Põe-te a pau. Cada vez há menos destinos internacionalistas. Para não falar que cada vez mais vamos estando fartos de te aturar. E nem toda a gente terá medo das tuas ameaças à «integridade física», um termo que refinaste e que te achas com direito de infligir aos «fassistas», numa sociedade minimamente desenvolvida, mas que tu, lá no imo do teu universo trauliteiro, sabes que significa uma carga de porrada. Em casos benignos. Porque se for preciso, uma velha «Kalash» resolve o assunto.
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sexta-feira, julho 12, 2013

Treino aplicado



[4931]

No próximo Domingo estou convidado por uma simpática colega, juntamente com um grupo de simpáticos colegas, para ir comer uma simpática sardinhada a um simpático lugarzinho (tão coisinho que eu estou...) ali para os lados das Caldas da Rainha, cujo nome não profiro porque me soa a erotismo em estado puro.

Hoje resolvi «treinar» ao almoço. Ia, como habitualmente, programado para comer o escalope grelhado com salada de agrião ou o lombo de peixe grelhado com vegetais (este «vegetais» refere-se a um montículo exasperante de bróculos, feijão verde e cenourinhas anãs), em estrita obediência a um pedido especial para perder uns quilos, quando na mesa ao lado vi uma senhora bater-se com uma travessa de sardinhas, amarelinhas de bem assadas, com a pele a estalar, acolchoadas por uma cama de pimentos, tomate, alface e cebola. Reflecti, lembrei-me que as sardinhas, Ómega 3, coisital, para além de que aquela salada toda tem verduras bem mais apelativas que os «vegetais». Vai daí pensei que não viria mal ao mundo se eu substituísse a dieta pelas sardinhas, além de que serviria de treino para Domingo.

Posso dizer que o treino correu bem. Uma facadinha no regime é um acto saudável, estimável e desejável. Duvido que depois de amanhã alguém coma as sardinhas da minha colega com a minha destreza.
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Começo a ficar preocupado


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Há três semanas, ganhei €8 no Euromilhões. Há duas semanas ganhei €3,80 e hoje ganhei €4,25. Estou a achar sorte a mais. Começo a temer pela minha sorte aos amores.
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Ser comunista e ter cunha


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Tenho uma certa dificuldade em entender a razão por que os comunistas são tratados como uma espécie de vacas sagradas em que não se pode tocar com uma flor. Apesar de serem reconhecidamente trauliteiros e darem um uso indevido à liberdade que lhes é concedida pelo regime democrático em que têm a graça de poder viver, de poderem pensar e dizer o que lhes der na gana.

Acontece que os comunistas têm, em geral, um problema de base, qual seja o de conviverem muito mal (ou não conviverem, sequer) com a liberdade. Acreditam piamente que toda a gente é livre de pensar e agir como eles. Sempre assim foi e sempre assim será. Acresce que sempre que dispõem de poder, como é o caso da maioria dos sindicalistas, usam-no na manipulação hábil das massas, cultivando um proselitismo à la mode, infundido e apoiado em dois pilares principais – o uso de benesses (vide os barbeiros da Carris) e um clima de temor infligido àqueles a quem lhes apetece usar risco ao meio em vez de usar o risco do lado que lhe dizem.

O resultado é este afrontamento permanente, por via de grupos organizados, escalonados, nomeados e subsidiados para impedirem as pessoas de falar, insultar (e agredir) governantes, gargalhar em sessões públicas e, como ontem, fazerem a triste figura que fizeram no Parlamento.

Pergunto-me se, por exemplo, foi possível acabar com os «hooligans» identificando-os e pura e simplesmente proibindo-os de ir ao futebol, porque é que não é possível fazer o mesmo a todos aqueles que, como ontem, acham que a liberdade é a deles, espezinhando a liberdade dos outros? Porque não se identifica aquela gente e se proíbe que eles assistam a sessões da Assembleia durante um período de tempo? Afinal aquilo não é crime?

Uma última nota de registo à presença no grupo de arruaceiros da Assembleia de Mário Nogueira (o professor) e Ana Avoila. A comunicação social noticiou e episódio dizendo um grupo de sindicalistas e funcionários, ou um numeroso número de manifestantes. Também surgiram locais na imprensa onde a presidente da Assembleia era reverberada por se ter irritado e feito citações literárias.

Se eu fosse professor ou funcionário público tenho a certeza que não me reveria em qualquer sindicato encabeçado por aquele tipo de criaturas. Mas, enfim, os professores e os funcionários lá saberão!
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quinta-feira, julho 11, 2013

Será que o Presidente precisa de férias?


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Não estou certo de estar a ver bem o problema, aceito uma certa reserva, mas acho que Cavaco Silva deu a estocada final no resto de credibilidade e confiança que se tinha conseguido no exterior. Poderão existir muitas razões que desaconselhem a permanência de Coelho e de Portas no governo, mas a medida de Cavaco Silva surge, na minha maneira de ver, completamente desajustada dos superiores interesses do meu país. Por razões diversas, mas sobretudo porque não vejo a diferença entre um governo a prazo de 10 meses ou eleições antecipadas. Eu que até sempre fui de opinião que eleições antecipadas eram o dilúvio. Pois acho que Cavaco fez pior. Não sei se de propósito, se mal aconselhado, se por pura incompetência ou défice de capacidade de análise. Mas fez. Talvez o Presidente ande cansado, também, e com pouca paciência para aturar isto tudo.

Se eu fosse Coelho ou Portas compareceria ao chamamento de Cavaco por mero respeito institucional mas no minuto seguinte demitia-me. E Cavaco que descalçasse a bota. A menos que ela tenha já outra bota para calçar, mas não creio. Coelho e Portas dariam uma lição de dignidade se se demitissem já. E no caso de Portas funcionaria até como acto de contrição pela tremenda borrada que fez quando, irrevogavelmente, se demitiu.
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E os carecas?


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No idos de oitenta, andava eu ocupado e empenhado com um grande projecto de cerca de 35.000 has de arroz num país africano, privei de perto com uns pilotos cubanos de pulverizações aéreas. Felicíssimos porque ganhavam, em moeda local, qualquer coisa como US$300. Mas, superlativa felicidade, no regresso a Cuba eram-lhes atribuídos pontos (sim, pontos, do tipo dos que nos dão em alguns postos de abastecimento de combustível) que lhes permitiam comprar artigos de luxo, como um aspirador ou uma torradeira. Um pouco mais tarde conheci búlgaros, felizes com o mísero salário local que auferiam já que no regresso a casa tinham direito a arrendar um andar de três assoalhadas, ou uns romenos a quem Ceausescu concedia a suprema graça de poderem comprar um carro usado e, ainda, lhes concedia uma emulação socialista, um documento inenarrável onde a excelência do trabalho e o carácter do indivíduo eram enaltecidos.

Cerca de trinta anos mais tarde, venho a saber que no meu país os funcionários da Carris têm uma cláusula (a 69) no seu Acordo Colectivo de Trabalho, mediante a qual têm direito às suas próprias barbearias, que há dois deputados comunistas que empregam o seu tempo a discutir o assunto no Parlamento e que os sindicatos acedem a que se feche as barbearias em troca do pagamento de €12 /mês a cada um dos funcionários (suponho que aos carecas também…).

Eu acho que temos os problemas que merecemos.
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