terça-feira, maio 31, 2011

Matéria factual







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«Isto» é matéria factual. Devia sustentar um «case study» sobre o que faz com que ainda cerca de 30% de eleitores se disponham a votar nesta patética criatura.

Paternidade: 31 da Armada
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Pouca vergonha




[4289]

A acusação generalizada de que, durante a campanha, os Partidos se limitaram ao insulto e à acusação não é verdadeira. Antes, faz parte de uma estratégia meio tosca de meter no mesmo saco a forma trauliteira com que Sócrates se dispôs estrategicamente a atacar os adversários, sobretudo o PSD. A comunicação social, na minha opinião, conscientemente, faz passar essa mensagem, com especial incidência por parte da SIC Notícias, mas essa é um forma desonesta de rotular uma campanha na qual, em boa verdade, os outros Partidos se limitam a defender-se do PS. E, naturalmente, a ripostar. Na verdade, julgo até ser de exaltar a forma elegante, paciente e educada com que o PSD, o CDS e o PCP conduziram a campanha, O mesmo não poderei dizer do BE, mas deste Partido será sempre difícil esperar alguma elevação no debate.

Sócrates fez uma campanha vergonhosa. Ele deliberadamente escamoteou todos os temas eventualmente interessantes para o debate, para se entregar ao insulto continuado e às acusações permanentes aos seus adversários. Vale a pena ver aqui uma curiosa selecção de acusações, dispostas de forma cronológica e que dizem tudo. Entretanto e porque hoje também é dia, Sócrates acusou outra vez.

De Sócrates, não esperaria outra coisa. Da comunicação social, sinceramente, sim. Fazer passar a mensagem de que os Partidos se acusam e agridem uns aos outros é uma falácia, é desonesto e remete a generalidade dos comentadores políticos para o lugar que merecem. Parciais, politicamente desonestos, mariolas, claquistas e sem uma réstea de vergonha.
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segunda-feira, maio 30, 2011

Quem sabe se não funcionaria...




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Método infalível para dispersar ajuntamentos, manifestações e, quem sabe, acampamentos no Rossio.

Almanaque Bertrand - 1908

Recebido por mail

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Uma narrativa de boas práticas





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Vale a pena ver este vídeo até ao fim. Contém verdadeiras preciosidades de retórica da esquerda moderna e o discurso tem aquele tom firme, de verdade única e de ralhete didáctico que a esquerda usa, sempre que põe em prática aquela convicção de que lhes foi cometida (não se sabe bem por quem, mas também não interessa, foi cometida, prontes) de tomar conta das pessoas e de se assegurar de que tudo é feito como deve ser. Numa «narrativa» de «boas práticas».

Recomendo particular atenção ao minuto 5:40 quando a moça diz que não há ditaduras de esquerda (sem rir nem pestanejar), e ainda ao número inusitado de vezes com que ela usa o termo massa crítica, uma coisa que ela deve ter ouvido por aí e gostou. Enquanto os participantes/ouvintes, com ar bovino, vão dizendo que sim com a cabeça. Ah! E solta também aquela da democracia ser o pior de todos os regimes, com excepção de todos os outros, uma coisa que ela terá certamente achado original e pouco conhecida.

Uma peça suculenta e que nos faz pensar como esta rapaziada funciona.

Via Blasfémias

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Tiros no pé? Mas isso não era só com PPC?

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Em matéria de tiros no pé, um excelente post do Henrique Raposo. Para que se não diga que os pés de Passos Coelho estão cheios de buracos e que os pés dos outros passam incólumes o tiroteio da campanha. Ou de como os nossos políticos não são, de uma vez por todas, capazes de assumir uma liderança eficaz contra a fraude, formatada em regimes sociais desenhados para agradar ao rebanho, sem quaisquer escrúpulos e que dão pelo nome romântico de «esquerda»

«Dr. Paulo Portas, eu pensava que usar a coisa do "eu sou mais de esquerda do que x"...

... não era para o CDS-PP. Eu pensava que o CDS-PP era um voto de direita sem complexos. Eu pensava que ter preocupações sociais não é o mesmo que estar à esquerda de y. Ver a direita - que se diz de direita - a usar a falácia do "estou à esquerda de" é triste. Roubar votos ao PS não se faz por aqui. Roubar votos ao PS faz-se mostrando que há outros caminhos para sair da pobreza, que há modelos sociais bem mais eficazes do que aqueles que dizem "ai, eu estou mais à esquerda do que y". Dr. Portas, não fique com os vícios dos partidos grandes catch-all antes de o ser. O caminho do CDS é ser um catch-all ou um partido de direita sem complexos? Querem crescer porque sim, ou querem crescer porque representam alguma coisa? O CDS-PP novo e tal só faz sentido se representar uma mudança cultural, uma direita sem complexos, se apanhar gente nova que não tem problemas em dizer "sim, sou de direita e não digo 'estou à esquerda de y' para me sentir superior". Aliás, V. Exa. tinha este discurso há uns meses.

Ouvir, nesta hora h, o líder do partido que se senta à direita dizer "ai, eu sou mais de esquerda do que y" é uma desilusão. Porque transmite, mais uma vez, que preocupação social é sinónimo de esquerda. Não esperava que este cliché aparecesse, nesta hora, na boca do partido que supostamente representa um voto numa direita sem complexos e que devia saber que as direitas têm tanta preocupação social como a esquerda. Dr. Portas, mantenha o caminho ("sim, sou de direita, so what?"), e não se ponha com malabarismos esquerdistas.

V. Exa. podia dizer que há um modelo social cristão ou católico, podia falar da doutrina social da Igreja, podia falar da importância social dos corpos intermédios (os centros paroquiais, as misericórdias, as escolas religiosas, etc., etc.) e da necessidade de aumentarmos os apoios a esses corpos intermédios, que são um verdadeiro Estado Social orgânico e mais eficaz do que o Estado Social oficial. Mas, em vez dessa mensagem, V. Exa. aparece a fazer contrabando esquerdista?! Não havia necessidade, dr. Portas.

O que se vê nos jovens do CDS, nesta nova vaga - fortíssima, diga-se - é o orgulho em estar à direita. Têm orgulho em dizer que são democratas-cristãos, ou conservadores, ou liberais, ou liberais-conservadores (à Cameron). É esse o valor do CDS. É uma marca cultural de fundo, representa uma mudança geracional. Ora, tiradas como esta, dr. Portas, traem esta viragem cultural, este orgulho de estar à direita, essa coragem para estar à direita.»

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Saber quantas vacas tem um manada, contar as patas e dividir por quatro






Uma rua que era de um santo e que agora é de um doutor cheio de «des» e o sentido estético da toponímia do Município de Loulé





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Endereço do Waldorf Astoria em Nova Iorque:

301 Park Avenue
NY

Endereço de uma empresa que conheço em Lisboa:

Rua dos Pardais no Mar
Lote 4.2412 – B – S 4
Parque das Nações
Lisboa

(O nome da rua foi alterado, mas respeitado o número de palavras e o sentido é semelhante. E o número do Lote também não é exactamente o mesmo, mas tem o mesmo número de letras, hífens e algarismos)

Esta é uma das mil coisas que jamais perceberei nos portugueses. Já agora, o endereço do Hotel Sheraton em Lisboa:

Rua Latino Coelho 1
Lisboa

O que prova que mesmo em Lisboa se pode ser simples e objectivo, sem se inventar endereços com cheiro de numerologia cabalística que nos obriga a chatear uma data de gente que nos ajude a encontrar o quatro ponto vinte e quatro doze tracinho Bê tracinho Esse quatro.
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sábado, maio 28, 2011

Só para o pessoal amigo de Maputo



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Uma casa linda de morrer, esta, não é? Um doce para quem adivinhar que casa é. Uma ajudinha: Parque dos Continuadores… Embaixada da Holanda… bairro da Polana… ah, claro… e aquela pontinha lá no fundo é da Igreja da Polana, sim. Respostas na caixa de comentários.

Resta avisar que este desafio se destina aos amigos moçambicanos residentes por aqui. Os que lá estão serão, naturalmente excluídos.

Foto de Armando Luís

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Obrigado, Joana

[4283]

Andava há uns bons dois dias a mastigar como é que eu havia de dizer isto, exactamente isto, sem tirar nem pôr, até que a Joana se encarregou de o fazer por mim. Como ela o fez com o brilho habitual e aquela clareza e qualidade invejáveis que a caracterizam, limito-me, comodamente e com a devida vénia, a copiar.

«José Sócrates habituou-nos ao longo de seis anos ao pior, e os anos que o antecederam não foram propriamente bons. Foi um péssimo primeiro-ministro que levou o país à bancarrota, negando as evidências, ocultando factos, mentindo. Viu-se, ele e a sua família, envolvidos em casos da justiça, esbanjou milhões em projectos sem nexo nem futuro, foi autoritário, autocrático, puniu a critica à sua pessoa. Agora, em fim de ciclo JS – e o seu governo – são o peso e a medida, são a referencia. Para nosso mal, e perante tal peso e tal medida não é difícil encontrar melhor. Perante o mau, o medíocre até brilha e parece bom, ou dizendo de outra maneira: em terra de cego, quem tem um olho é rei. É neste contexto que se enquadra Pedro Passos Coelho: ele tem o dito olho na terra de cegos. É muito melhor do que José Sócrates, mas é fraco, é um mau líder, é uma pessoa sem o peso que se acredita que homens(mulheres) de estado devem ter.

O facto de eu votar nele não diz bem dele, diz mal das alternativas. E diz também que eu acredito que só um resultado bastante favorável ao PSD (e não ao CDS) dá a mínima esperança de um governo credível e estável, e que gostava de acreditar que PPC será melhor primeiro-ministro do que é líder do partido. Somos muitos a pensar assim. Não pertencemos às estruturas de nenhum partido, não somos filiados, mas votamos de acordo com o que, no momento, acreditamos ser o melhor para o país. Se PPC não percebe, não vê, não sente este fenómeno então anda mais alheado da realidade do que seria desejável, e esse alheamento não é bom. Muitos votantes do PSD preferiam claramente outro líder: Paulo Rangel, Rui Rio, mas terão que votar neste. E votam, mas o voto não é certificado de cegueira, surdez, placidez acrítica ou estupidez.

Exultaram quando PPC, com mérito, fez um bom debate com José Sócrates, rejubilaram com o primeiro vislumbre de derrota no semblante, gestos, e argumentos do actual primeiro-ministro, mas todos os dias se sentem frustrados com os sucessivos tiros no pé da liderança do PSD, dos quais destaco o caso Fernando Nobre que custará alguns votos que se desviam para o CDS. Ontem, PPC armado em virgem ofendida, como se nós tivéssemos esquecido a contra-campanha orquestrada por ele (seus conselheiros, sua máquina comunicacional, com o apoio de tantos meios de comunicação) contra Manuela Ferreira Leite na anterior campanha eleitoral, queixa-se de José Pacheco Pereira que, segundo Maria João Marques que escreve este post a merecer leitura na íntegra, tem mais neurónios que os conselheiros de PPC todos juntos, como de resto se vê pelos resultados das sondagens depois de seis anos de Sócrates e da sua tão pessoalíssima bancarrota.

É sintomático este desconforto perante a crítica, José Sócrates sempre o teve (caso Manuela Moura Guedes) e Pedro Santana Lopes também (caso Marcelo Rebelo de Sousa). Ambos (MMG e MRS) tinham um espaço de grande audiência e de qualidade (outro valor normalmente desprezado). Também sintomático é o pouco apreço que os portugueses, através da vozes dos seus líderes políticos, dão à liberdade. Liberdade de pensar, de opinar, de escrever com qualidade, liberdade de querer ou não ser deputado. Liberdade de ‘ser’ fora do controle do aparelho partidário. Preferiam pensadores e opinadores formatados pelo partido (pelo menos para efeitos de intervenção pública), que – à maneira de António Costa, por exemplo, se contorcem tantas vezes para defender o indefensável. Disso já gostam. Disso não se queixam. Outro tiro no pé. Resta saber quantos pés sobram até ao dia 5.»
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As curvas de nível (*)









[4282]

A Helena Matos surpreende-se com a forma trauliteira, as curvas de nível (!!!!) de muita da rapaziada do PS. A Helena poderia lembrar-se que, na maioria dos casos, esta gente não tem qualquer preparação para governar. Foram gerados e criados numa cultura de reviralho e no reviralho se fizeram gente. E precisam da livre iniciativa (que não têm), das economias de mercado (que não fazem a mínima ideia do que seja, salvo conteúdos avulso de compêndios e cartilhas que lhes foram dando de pequeninos) e da liberdade (com que convivem mal mas lhes corre nas veias como leitmotive daquilo que julgam ser as suas convicções mas que, frequentemente, não são mais que a expressão baça do seu narcisismo) para não definharem na mediocridade.

Daí que, pela parte que me toca, não me surpreenda com as declarações de João Soares. De resto, João, Vítor Ramalho e Alfredo Barroso são três comentadores encartados de televisão que consubstanciam o que disse lá em cima. Alfredo, na expressão bruta do quem se mete com o PS leva, Vítor, numa versão «tufinha» assente me conversa de «xaxa» em que é exímio, tipo não coiso nem sai de cima e o João porque é um hino acabado à expressão patética de seja o que for que se meta a comentar.

E, já agora, a analogia que a Helena faz com a Casa Pia é de uma grande argúcia. Mau grado a azia de alguns dos seus comentadores.


(*) Título do post aproveitado daqui
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sexta-feira, maio 27, 2011

Chocado, indignado e lamentador (ainda por cima)



[4281]

Sócrates é um reconhecido trauliteiro verbal e com uma confrangedora impreparação sobre os assuntos do Estado. As memórias parecem hoje ser curtas, mas bastaria um relance sobre os anos em que este demagogo petulante esteve à frente dos nossos destinos para facilmente percebermos que a sua acção se resumiu à lei do aborto e ao casamento entre homossexuais. Pelo meio, um cortejo de episódios lastimáveis que não só acrescentaram zero ao nosso capital de confiança e desenvolvimento perante eventuais investidores e perante a população geral, como ilustraram bem o carácter de uma personagem habituada a resolver as suas questões e interesses pessoais através do tradicional «xico-espertismo» nacional e de uma rede de casos abafados na justiça. No fundo, este é o espólio da sua governação, ajudado por um cortejo de esbirros, oportunistas e carreiristas de reconhecida incompetência, pastoreados pelos intocáveis barões do regime.

Sócrates resolveu voltar a ir a votos. Dele não se ouviu ainda uma ideia, uma estratégia, um plano para ressarcir o país da trágica situação em que ele próprio nos lançou. Continua alardeando um embaraçoso parolismo, uma petulância insuportável e o recurso a práticas de manipulação que se no governo se mostravam mais eficazes, porque mais facilmente exequíveis, agora se expõem mais à ira dos populares por via de episódios lamentáveis como o de ontem, num comício em Faro. Entretanto Sócrates, choca-se, indigna-se e lamenta. Lamenta por tudo e por nada. Só é lamentável que ele não se lamente a si próprio e, num assomo de recolhimento, lamente a lamentável situação em que, lamentavelmente nos colocou.

Espero que este homem saia de cena depressa. Para nós, é bem feito, Continuamos com dedo para escolher os nossos eleitos. Mas desta vez a coisa ultrapassou os limites do aceitável e da decência. Sócrates tem de ser afastado. Depressa e por forma a que se sinta suficientemente humilhado para que não volte a passar-lhe a cabeça vir azucrinar-nos, de novo, a paciência. E que a nós nos sirva de lição.
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quinta-feira, maio 26, 2011

Há coisas que me «fazem espécie»



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Há coisas que realmente me fazem uma confusão dos diabos. Afinal, depois da cascata de notícias sobre a eventual colaboração da embaixada de Moçambique na excursão a Évora de uns quantos moçambicanos armados de lanche e bandeira do PS, algum jornalista se incomodou em telefonar para a embaixada para confirmar/desmentir essa colaboração? Mas é assim tão difícil? Depois admiram-se que não os respeitem...

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Imitar o quê?







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Muita gente acha que os portugueses são macacos de imitação. Ainda que macaquinhos sejamos, tais as macacadas em que nos envolvemos, de imitação é que nem por isso. Há coisas em que somos genuínos. Originais. Basta ver (sobretudo, ouvir) este vídeo para o percebermos.

Desgraçadamente, ninguém nos copia. Não que não haja macaquinhos lá fora, também. Mas já nem graça nos acham, para que nos imitem. Um país que, no ano da graça de 2011, ainda conta com semelhante amostra de idiotia militante não corre riscos de que alguém o queira imitar.
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With no disrespect (*)… só pela forma hilariante da coisa!






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- «...what position is this?... It´s the wind relieving pose…»

- «...vá! Agora respirem pelos pés… e absorvam o ar delicioso que vos envolve os tornozelos… e controlem o desejo…»
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quarta-feira, maio 25, 2011

Quem se mete com o PS leva. Leva mesmo...





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Este vídeo pode transmitir uma ideia errada. A de que situações como a ilustrada no vídeo são por culpa dos capangas, seguranças, organizadores e «gorilas» do PS serem execráveis trauliteiros que não hesitam no uso da violência. Eu não penso assim. São trauliteiros violentos, sim, boçais, mas grande parte da responsabilidade destes actos cabe a vários dirigentes do Partido. Desde a prática de retóricas pretensamente didácticas como as de Mário Soares e Jorge Sampaio, a correrem com as forças da ordem, até às expressões «heróicas» de Guterres e Jorge Coelho, tipo «partir as fuças à direita» ou «quem se mete com o PS leva», só podia dar nisto. Gente sem preparação, boçalóide e sem qualquer espírito de cidadania. E desde sempre permeável às tácticas do PS.

Já não exigiria um «speaker's corner» em Mangualde, mas pelo menos algum cuidado na escolha dos «gorilas. Um espectáculo lamentável este. Mas com os mestres que tiveram, esperaríamos o quê?
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Isto de ouvir as notícias da manhã...





[4276]

...é um hábito a que não há como fugir. Dá para ouvir tudo o que já sabíamos ontem à noite, mas admito que entre o café oloroso e o pãozinho acolchoado com uma fatia de queijo, no silêncio da manhã, há pequeninas coisas com um impacto diferente de quando as ouvimos no turbilhão do final do dia.

Hoje de manhã ouvi, reflecti e até sorri com duas destas notícias. Uma, coisa de que estava certo que aconteceria, era que depois daquela sondagem em que o PSD finalmente descolava do PS, apareceria uma sondagem da RTP/Universidade Católica a repôr a verdade socrática. Pronto. Está tudo empatado outra vez e ainda temos que apanhar com a capa do inenarrável Jornal de Notícias dizendo que o povo não vai em debates. Espero que esse mesmo povo não vá em cantigas, sobretudo se pontilhadas com este frenesi imbecil que nos vem do Norte.

A outra notícia tem um fundo humorístico. E estranho. Tem a ver com qualquer coisa de que o PS é acusado por Passos Coelho. Sócrates defende-se e recalcitra com um estilo hilariante. Diz ele que qualquer aluno do primeiro ano de economia... pensei, de imediato na incongruência da coisa. Eu sei que Sócrates deve ter tido «primeiros anos» de algumas coisas. Tipo, primeiro ano em que foi à praia, primeiro ano em que fumou um charro, primeiro ano em que andou de metro depois de vir da Covilhã, uns quantos primeiros anos, enfim, mas ouvi-lo falar de um primeiro ano de uma licenciatura é que já não dá com nada. Mau feitio de quem ouve as notícias e se presta logo a elucubrações mais críticas, eu sei. Mas é que não dá. Só consigo imaginar o homem a escrever cartões de visita e a assinar «seu», a fazer uns telefonemas e a mandar uns mails e a obter cursos fast food. Nada que envolva um primeiro ano seja do que for... Daí que ouvi-lo, como ouvi esta manhã, que qualquer aluno do primeiro ano de economia só pode ser uma graça sem graça. Ou então fui eu que acordei com o tal mau feitio...
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terça-feira, maio 24, 2011

Mulheres não conduzem, por causa das moscas


Manal al-Charif







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Um dia fui a Riad aprender a matar moscas. Para ser mais correcto, fui a um workshop onde a mosca era o actor principal – falava-se de técnicas avançadas para matar os biliões de dípteros que anualmente assaltavam a capital saudita. O local tinha a ver com o facto de a companhia para que eu trabalhava ter habitualmente contratos para a pulverização aérea da cidade.

Num dos intervalos da coisa e deslocando-me casualmente junto a um mercado, observei, curioso, um vendedor de frutas, sentado no chão e com um cesto de frutas sobre as pernas. Uma mosca evoluía, competente nas técnicas de vôo, à volta da cabeça do vendedor e, de vez em quando, pousava na sua face. Depois descolava de novo, fazia mais umas manobras de acrobacia aérea e pousava de novo. Parado, olhei curioso e divertido para aquele quadro. Por um lado a perícia do insecto, por outro, o vendedor, aparentemente dormindo, imóvel e indiferente às suas sucessivas aterragens e descolagens. De repente, estando a mosca provocante pousada no nariz, quase não me apercebendo do que se passava, o vendedor de frutas faz um movimento a uma velocidade quiçá só ultrapassada pela da língua de um camaleão, apanha a mosca na palma da mão e, de imediato e num impulso seco e meteórico, atira-a para dentro da boca. Sem mastigar, percebi o movimento próprio de quem está engolindo qualquer coisa, pelo que deduzi que a mosca terminava ali, ingloriamente, o seu exercício de acrobacia aérea, no piloro de um vendedor de frutas, num qualquer mercado da cidade. O homem continuou imperturbável, dormitando e, à volta, vi muitas mais moscas esvoaçando mas nenhuma me pareceu disposta a aterrar no nariz daquele insuspeito e rapidíssimo comedor da espécie.

Hoje sei de uma mulher que foi presa por conduzir uma viatura em público na cidade das moscas. Ainda que eu conheça algumas aqui em Lisboa que deveriam ser colocadas em detenção domiciáliria sempre que lhes salta a pulsão para pegar no carro, não posso deixar de pensar em como é estranho este mundo onde em cidades modernas e sofisticadas ainda há exímios comedores de moscas sempre que as mesmas não nos deixam o nariz em paz, ao mesmo tempo que se prende uma mulher por conduzir. As moscas deviam saber que não se deve aterrar em narizes alheios. E as mulheres não deviam esquecer que não podem guiar. Que cozinhem e param crianças que é para isso que foram inventadas. E, de carro, terão sempre de ser acompanhadas por um pai, marido ou irmão mais velho.

Lembro-me ainda que ao entrar no avião de regresso não havia moscas. E várias jovens sauditas, ainda o avião estava em terra (um avião da BA), apressavam-se a ir aos lavabos trocar os panos que as cobriam dos tornozelos aos pulsos por um par de jeans e uma T-shirt. Estranho mundo este. Sobretudo quando num mundo conturbado como aquele em que vivemos, a esquerda mostra uma estranha complacência com este tipo de ocorrências. Vá-se lá saber porquê...
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segunda-feira, maio 23, 2011

Internacionalismo?

[4274]

Com tantos apoiantes indianos, paquistaneses, moçambicanos, chineses, o PS regressou à sua génese internacionalista, um termo que há bem poucos anos só não ia bem com a gravata porque os socialistas não usavam gravata. Proletária é que nem por isso. Estes apoiantes é mais bolos, cabeleireiros, lojas de trezentos, restaurantes e lugares de fruta, ali para o Intendente e Martim Moniz. Um ou outro operário de construção civil dão a desejável pincelada cromática à coisa.

Esta poderia ser uma estimável inciativa do PS se obtivéssemos como contrapartida o envio de Sócrates para Nova Délhi, Islamabad, Maputo ou Pequim. Fazer o quê? Problema dele. Vender magalhães em segunda mão, porque não? Projectar marquises e garagens para talibãs reconvertidos em Peshawar podia ser uma possibilidade também...
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domingo, maio 22, 2011

Afinal havia outros...


«Pakistanistas» do Intendente em Évora



[4273]

E estava eu posto em sossego a irritar-me com o uso (o tal trabalho precário que o PS agita para acusar o PSD?) de miúdos moçambicanos que foram a Évora gritar viva o PS, quando dou uma volta de final de domingo pelas notícias e verifico que, afinal, a coisa metia paquistaneses, indianos e outros voluntariosos apoiantes de Sócrates que, a troco de um passeio e de uma sanduiche (!!!!!), atracaram à Praça do Giraldo. Ver a notícia aqui.

Sócrates tem que ser espremido. Já. Como um furúnculo. E com o cuidado necessário a não deixar o «carnicão» lá dentro para a coisa não infectar outra vez. Este homem é pouco sério, é trambiqueiro e não olha a meios para se manter no poleiro (não digo «pote» para não soltar a ira «abrantina»). E, repito, Sócrates não faz apenas mal. Às pessoas e ao país. Ele embaraça-nos. Cá dentro e lá fora. Basta ler meia dúzia de jornais insuspeitos. Ele é motivo de chacota generalizada e, por ele, já ninguém nos respeita. Este homem tem de ser corrido a votos. Já que corrê-lo de outra forma não está de acordo com os trâmites em uso nas democracias.
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Um «alentejanista» da Assembleia



Pita Ameixa, um «alentejanista» na capital





[4272]

Bastou Passos Coelho ter afirmado que era o mais africano dos candidatos, porque natural de Angola e casado com uma portuguesa oriunda da Guiné Bissau. Esta afirmação coube num determinado contexto e ficaria por aí, não fosse um tal de Pita Ameixa (um nome que, com o devido respeito, me faz ter algum remorso quando, por África, me admirava e divertia com nomes como Deolindo Chipilica, Sabonete Chocolate ou Perfeito Catorze), deputado socialista mais presidente não sei de quê do PS no Baixo Alentejo, ter achado que africanista de Massamá era um epíteto adequado para o caso. Pita não sabe certamente a diferença entre africano e africanista. Ameixa deve achar que Massamá é uma espécie de gueto de africanos... africanistas... hummmm... tanto dá... no Alentejo não há Massamá e africanistas deve haver um casalinho ou outro, coisa pouca.

Mas bastou Passos Coelho ter dito aquilo, para o PS achar que mandar umas carradas de «africanistas» (entenda-se cidadãos negros a quem foi facultado um autocarro e um lanche) de Cascais e, parece, de Massamá. Muitos deles, miúdos. Lanche numa mão e bandeira noutra foram respondendo, envergonhados, a alguns jornalistas. Alguns dos miúdos «africanistas», questionados sobre como é que foram parar a Évora de bandeira na mão e lanche na outra, disseram que foi a Embaixada de Moçambique que mandou. Pessoalmente não acredito que a embaixada de Moçambique tenha alinhado nesta patetice socialista, mas nunca se sabe. Era bom que o embaixador viesse esclarecer as pessoas e sobretudo os cidadão moçambicanos residentes em Portugal, que a embaixada não teve nada a ver com o assunto.

Quanto ao PS... já nada se lhe exige. O PS é um Partido pouco sério e denota algum desnorte. O que me desagrada. Com o seu reconhecido mau-perder pode vir ainda a causar mal estar e muito embaraço.
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sábado, maio 21, 2011

Sinal dos tempos?





[4271]

Que o meu computador tinha um corrector ortográfico, eu sabia. Mas eis que reparo que a palavra boys não dá erro. Sinal dos tempos? Será um apropriado corrector político?

Adenda: A talhe de foice. Corrector, com consoante muda, deixa caír o «c» e passa a escrever-se corretor? Mas corretor é uma coisa completamente diferente de corrector. Ou alguém decidiu que passavam a ser palavras homógrafas, simplesmente? E, a ser o caso, por alma de quem?
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Defeso



[4270]

Ela aí está. De úbere farto e tetos apetitosos. Cada um dá de comer a uns quantos portugueses. Um pouco como, antigamente, o vinho de Salazar. Que dava de comer a um milhão de portugueses. Só que a vaca tem un número bem limitado de tetos e por muito bem manejados que sejam aleitam apenas um grupo limitado de «boys».

Ela está feliz e contente. Vai ter uma pausa que eventualmente servirá para lhe repôr os níveis desejáveis de leite. Ela sabe que o defeso é curto e a nova época em breve lhe baterá à porta. Haja alguém que consiga dar-lhe um merecido repouso. Que a leve ao redil, lhe dê bom pasto, boa silagem e abundantes sais minerais. Água com fartura também. E banho carracicida que a livre dos permanentes «carrapatos». Talvez ela, recuperada, saudável, entenda a boa acção e passe a haver leite para todos. Em vez de só para alguns que desesperadamentre lhe atacam e chupam os tetos. É só darem-lhe asas.
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A lapa que ri





[4269]

No debate de ontem, Sócrates foi igual a si próprio. Petulante, mentiroso, pretendendo ser hábil no comando do fio da conversa, acabou por esbarrar num Passos Coelho que começou algo titubeante mas que, quando decidiu deixar-se de contumélias e fazer-lhe perguntas directas sobre as explicações que Sócrates nos deve, pelas responsabilidades directas que ele tem na ruína e no descrédito que trouxe ao País, conseguiu carrilar o debate para aceitáveis níveis de eficácia. Sócrates, desta vez, teve uma nuance. Orador hábil, teve de recorrer ao sorriso meio sardónico, com ares de superioridade, mas que só lhe vincaram a essência daquilo que é. Um mentiroso compulsivo, um teimoso obcecado e um irresponsável que não hesitou em agravar as já de si difíceis condições do país, em nome das suas próprias idiossincrasias e do irresistível inchaço que o seu ego sofreu desde que se mudou da Covilhã para a Rua Castilho, coisa que claramente lhe haveria de causar, a prazo, uma grave crise de dispepsia com que ele não sabe lidar.

Acresce que Sócrates não tem para onde ir. Cheira-me que um dia varrido do governo pouca gente o quererá. A menos que ele detenha e manipule um conjunto de circunstâncias que, bem manejadas, poderão provocar um campo de pressões que lhe possibilite um cargo minimamente honroso e um pouco para além de projectar vivendas de emigrantes na Beira Alta. Por isso, ele é um exemplo acabado da lapa que só com uma faca bem afiada conseguimos destacar da rocha. Seria bom que o voto do dia 5 fosse tão afiado como as facas que se usa para arrancar lapas e o varresse para bem longe. A rir. Não como a simpática e conhecida vaca francesa mas como a lapa desesperadamente agarrada à rocha portuguesa. Ou seja, sem rir coisa nenhuma porque todos sabemos que as lapas não riem. Podem tentar, como Sócrates fez ontem, mas não convencem ninguém.

Nota: Este post foi corrigido. Por lapso, no primeiro período, na frase «... quando decidiu deixar-se de contumélias e fazer-lhe perguntas directas...» faltava o seguinte: - «...conseguiu carrilar o debate para aceitáveis níveis de eficácia...». Assim, já faz sentido.

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quinta-feira, maio 19, 2011

Um capricho dos deuses




[4268]

Elas estão aí a rebentar. Vermelhas, grenás bem escuras, rijas, polpudas, deliciosas, com o sabor do sol e dos puríssimos ares da Estrela e da Gardunha entranhado, apelativas, em breve estarão pelas estradas das Beiras, num convite ao privilégio de lhes chamarmos nossas.

São um cântico ao prazer e um louvor aos deuses que, num momento de fina inspiração, inventaram a cereja como um hino ao fino paladar e à plástica caprichosa que enformam a volúpia. Foi Ceres ou Saturno que a criaram, com certeza, que Puta era uma deusa menor e não lograria criar obra de tão fina arte.

Dentro de poucos dias, elas aí estarão. Carregadas de recordações e prenhes de promessas renovadas. É só mesmo mais uns dias!
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Uma questão de método



Cada um usa os métodos que acha melhor



[4267]

Sócrates descobriu um novo brinquedo. A metodologia. À medida que se vai destapando mais minhocas nas tímidas cavadelas ao quintal da sua legislatura, algum dos seus conselheiros ou assessores lhe segredou a metodologia como a causa de males que, segundo Sócrates não são males. São tão-só o resultado de uma diferente metodologia. A mim, que não sou homem de letras e, já agora, também percebo pouco de finanças, salta-me à vista que Sócrates não sabe o que é metodologia. Nada que espante no seu currículo de novas oportunidades ao domingo mas, que diabo, o homem sempre é primeiro-ministro e poderia, pelo menos, disfarçar. Metodologia, no meu modesto entender é a ciência que estuda os métodos. Ora… o que Sócrates deve querer dizer é que os métodos e/ou critérios para a avaliação de certas situações, como aconteceu agora com a desgraça do desemprego, para o qual ele contribuiu decisivamente, podem ser diferentes. Ninguém anda a estudar métodos. O que eventualmente poderá acontecer é o uso de métodos diferentes de avaliação. Por exemplo, ele disse que iria criar 150.000 empregos, mas usou métodos diferentes e em vez de pôr mais 150.000 a trabalhar contribuiu para que tenhamos 12,4 % de desempregados. Foi o método, só pode. Já com o défice foi a mesma coisa. Andam eles a fazer contas e depois vem essa gente conspirar com métodos diferentes borrar a escrita. Uma maçada, é o que é.

Mas o que estava em causa era a metodologia versus uso de métodos diferentes. Alguém esclareça o nosso primeiro sobre as elementares diferenças da coisa. Para tristes figuras já chegam as que andamos a fazer. Não precisamos de enaltecer a pobreza cultural de cada um, sobretudo em se tratando de português escorreito. Ele não deve perceber, mas há alturas em que talvez falando com ele como ele fala à massa bovina que o rodeia a coisa funcione - aos berros. Para que não tenhamos de estar à mercê dos desmandos e ignorância da criatura. Quanto mais não seja por uma questão de método.
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quarta-feira, maio 18, 2011

Relativismo complacente

[4266]

«...Por fim, não sei se Strauss Kahn é ou não inocente mas tenho a certeza que este relativismo complacente em relação aos socialistas na Europa explica porque são eles que surgem em diversos países envolvidos nos mais graves casos de delito comum...»

A Helena acaba assim um post/desabafo sobre um dos fenómenos mais evidentes da actualidade corrente. E se é verdade que a edificação do fenómeno se deve ao engenho de um grupo de pessoas dotadas de uma inteligência e competência invulgares, não é menos verdade que a dinâmica gerada pelo relativismo complacente ajuda a manter bem viva a chama da impunidade. Para isso contribuirá, por um lado uma forma muito «europeia» de estarmos, eivada de um insuportável complexo de superioridade das elites, por outro a atitude bovina de massas a que se diz exactamente o que elas querem ouvir. No meio, uma comunicação social impreparada, modernaça e frequentemente idiota. Aí residirá provavelmente a maior força e o sucesso da estratégia dos socialistas que souberam, como ninguém tirar partido e proveito deste desiderato. A coisa fede, eu sei, mas funciona.

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terça-feira, maio 17, 2011

Para compensar



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É um imperativo do bom gosto sobre a visão horripilante do post anterior. A suavidade, a beleza e o significado de um bouquet de rosas amarelas para suavizar o ambiente.

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segunda-feira, maio 16, 2011

Flecte, insiste!



[4163]

Tavez fosse de colocar de novo este cartaz pelas cidades, vilas, aldeias e estradas de Portugal. Quem sabe se com uns pequenos arranjos ele não iria tocar de novo o coração dos portugueses. Um arranjo simples, tipo:

Adenda: Devido à situação internacional, mudanças no mundo, o PSD não ter assinado o PEC 4 e discurso de Cavaco Silva na tomada de posse, não conseguimos criar os 150.000. Por isso mudamos a promessa para 300.000.

Trigo limpo. Depois, com um punhado de comentários políticos dos paineleiros de serviço na SIC, umas entrevistas a Silva Pereira, umas bocas de Lello no Face Book e um par de programas da Constança Cunha e Sá e uns noticiários do novel duo maravilha nos noticiários da TVI, aquilo são favas contadas. Vão por mim.

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domingo, maio 15, 2011

Uns brutos estes americanos!




[4162]

Estes americanos são assim. Uns brutos. Incultos, ainda por cima. Então no mesmo dia em que o presidente do FMI (alegadamente) faz uns avanços a uma empregada de quarto de um hotel na Times Square prendem-no logo. Nem umas consultas, umas escutas, umas trocas de impressões... nada. Vão-se ao homem no aeroporto e pimba.

Claro que sendo o (alegado) abusador socialista, só podemos estar em face de uma campanha negra daquelas horríveis, com planos macabros, maledicência e telejornais travestidos. Não há outra explicação. Os americanos não respeitam a stasi socialista, muito menos a sua naturalmente instituída superioridade moral, e são os brutamontes do costume.

Tenhamos esperança - o homem é casado, socialista, economista, advogado e percebe de finanças. O problema é que a esquerda francesa (Ségolène já esboçou uma reacção meio tímida...) não percebe muito do assunto. Fosse o homem português e já haveria cassetes para destruir, apresentadores de televisão para despedir e comités de recepção no Eliseu, com abraços e beijinhos quando o homem for libertado. Se for - que com os americanos nunca se sabe. Aquele brutos incultos têm a mania de prender logo e, ainda por cima, condenam e tudo, sem olhar aos pergaminhos de cada qual. Mas enfim, aguardemos os acontecimentos. Logo se vê, como dizia o outro (o seráfico Guterrres).


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sábado, maio 14, 2011

Trintaianos de democracia e o homem ainda anda a ver coisas pela primeira vez


Folhas de pessegueiro - Taphrina deformans





[4161]

Eu sei que é campanha e assim e que devemos estender um pouco os nossos níveis de paciência para suportarmos, ainda que com adequado estoicismo, a série de «patacoadas« que vamos ouvindo. Curiosamente, nem tanto pelos candidatos mas mais pelos «paineleiros» de serviço a formarem-nos a opinião, que é para isso que (eles julgam) que a comunicação social também serve.

Mas ouvir Sócrates dizer, a propósito de qualquer coisa que já nem sei o que foi, que em trintaianos de democracia nunca tal viu fez-me pensar (para além daquele i me irritar) que se eu quisesse listar as coisas que já ouvi à criatura eu precisava de abrir mais uns quantos blogues. Temáticos. Um blogue só para mentiras, outro para xico-espertices, ainda um outro para má-criação, outro ainda para medidas de incompetência e, finalmente, um para patetices (caríssimas) avulso. Para não falar em mandar-lhe a conta de um dermatologista, a criatura causa-me eripsela recorrente. E, se eu fosse árvore, o homem causar-me-ia lepra do pessegueiro, só podia.
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«Blogspotless»




[4160]

O apagão do Blogger levou-me um post (o 4158) e reduziu-me a zero mais de uma vintena de comentários do post 4157.

Acredito que é chato ser esbulhado desta forma, coisa igual só me lembro de uma vez que me entrou um «pico» de tensão em casa, as lâmpadas brilharam como o sol e, no fim, as «baixas» cifraram-se num «dvd», uma reparação do PC superior a €150 e uma recomposição total do sistema telefone/TVCabo/Internet. Um grupo de vizinhos ainda reclamou na EDP mas a lógica habitual do respeito pelos direitos das pessoas neste país decretou que a EDP não tinha culpa nenhuma, a culpa era... já nem sei de quê ou de quem, mas é o costume nestas coisas e nós temos mais é que continuar a ser violados e pedir desculpa por estarmos de costas.

Quanto ao Blogger, generalizou-se por aí um sorriso de gozo de alguns «sapos» e outros aderentes de outros servidores que acham que os «blospotters» são arcaicos e parados no tempo. A justiça manda-me registar que em quase sete anos de utilizador do Blogger foi a primeira vez que tive um problema. Coisa que, avaliando os protestos que me fartei de ver em relação ao «sapo» e outros, me parece ser uma boa performance.

Disse.
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quinta-feira, maio 12, 2011

Póstroika, ou Poltergeist at lunch time







[4159]

O João Condeixa gerou, escreveu e produziu este vídeo. Está excelente. Só não gostei daquela tendência de voto bipartida, mas ele sabe porquê. Tirando esse pequeno grande pormenor, o vídeo está um primor e só trouxe a desvantagem de não se conseguir almoçar com o homem. Ele come, ele vê o vídeo, ele atende o telefone, dá outra garfada, vê o vídeo, corta o bife e atende o telefone. No intervalo, atende o telefone. E depois de outra garfada, atende o telefone. E ri. E atende o telefone. E diz que ouviu o que dissemos mas eu acho que ele acha que ouviu. E atende o telefone. Tirando isso, tudo bem. Parabéns ao João… o telefone está a tocar… esta parte do post ele já não vai ler…
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Pintelhices



Pintelho: Ave canora da família dos pintassilgos, muito comum em Portugal




[4158]

Depois da saída de Catroga quanto às «pentelhices» nacionais, a magna questão é se ele queria dizer pintelhos ou pentelhos. Antes que isto resvale mais ainda para o mau gosto, Catroga que esclareça a grei sobre o que realmente significava quando se saiu com aquela.

Curiosa foi a forma como os vários blogues se referiram ao facto. Tanto se referiam a pintassilgos como a pêlos púbicos. Um bocadinho à la mode de chez nous. Escreve-se o que estiver mais à mão de semear. Do que li, tem ganho o pintelhos com o que genuinamente me congratulo. É um vocábulo mais harmonioso, de inegável beleza no significado e admitamos mesmo que em muitos casos substituiria com vantagem, mesmo em termos anatómicos, a outra horrenda expressão vocabular.


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quarta-feira, maio 11, 2011

Post ao acaso



[4157]

Sou homem, já fui rapaz, sou quase velho, já fui mais gordo, mais magro, só não fui mais alto, mas já fui bem mais baixo. Já amei, já fui amado, odiei e fui odiado, bati, fui batido, já ri, já chorei, já brinquei, mas também já levei muita coisa a sério. Trabalhei muito e também fingi, estudei criteriosamente mas também ousei exames mal preparado. Tive sorte, tive azar, já ganhei à roleta, já perdi às moedas, andei na tropa, sofri, vi e fiz sofrer. Conheci todos os estados civis que um homem pode ter. Solteiro, casado, viúvo e divorciado. Amancebado, unido de facto e muitas vezes me uni sem fato também. Amizades coloridas, outras mais escuras mas todas elas muito ricas. Tenho filhos, dos quais um é rapaz. E até netos, imagine-se, quem diria? Já rezei, já ajudei à missa badalando criteriosamente uma coisa esquisita que deitava fumo e fazia os fiéis baixar a cabeça e ainda hoje sei rezar a missa toda em latim. Mas também já quase bati num padre e já beijei uma freira. Já fiz um retiro, aliás meio retiro, chateei-me e vim-me embora. Já viajei, conheci países ricos, pobres, tórridos e gelados. Percorri savanas africanas chapinhando o suor das costas da camisa contra o encosto do carro e percorri montanhas geladas no conforto da chauffage de carros de alta cilindrada. Bebi café creme e comi bolos de mel em estâncias de ski alpinas e comi matete ou pirão com caril com os dedos, a saber a repelente para mosquitos. Pesquei espadartes e tubarões em alto mar, no Índico, mas também apanhei carpas do tamanho de um dedo mindinho, no Mondego. E fanecas em Matosinhos. Tentei fazer ski… mas só tentei, não cheguei lá. Já ski aquático, fiz sem dificuldade. Mergulhei sempre sem garrafas e cacei barracudas, xaréus, corvinas reais e garoupas gigantes, por entre cenários magníficos de cor e de formas, sobretudo cores que descobri e nem sabia que existiam. Também cacei à bala, quando estava na tropa, mas uma vez matei um antílope e não consegui dormir nessa noite, porque fechava os olhos e via de imediato aqueles olhos escuros, brilhantes, enormes, lindíssimos, na cabeça de um autêntico bambi gigante que eu já vira sofrer tanto quando eu era miúdo. Nunca mais cacei. Fiz corridas de automóveis. Fiz ralis e ganhei taças, fiz velocidade dois anos e cheguei a ser uma revelação. Num acidente aparatoso, uma rádio noticiou a minha morte. A expressão dos meus dois filhos pequeninos, ainda só havia dois, quando me viram, fez com que eu nunca mais corresse. Joguei râguebi durante dois anos e cheguei a internacional. Conheci gente de mil sítios e de mil deles fiquei amigo. Falo bem algumas línguas. Já me embebedei, fumei dois charros e fiz uma angioplastia porque tinha as coronárias torcidas pela nicotina dos trinta a quarenta cigarros que fumava por dia. Já tive um acidente de carro grave em que ia matando toda a família. Já me morreu gente querida. Já me nasceu gente amada. Já plantei uma acácia e uma vez plantei até um feijoeiro que havia ser determinante na minha vida, porque o meu pai viu e achou que o meu futuro estava nas ciências agrárias e agronómicas. Nunca escrevi um livro nem matei nenhum leão, mas um dia pode ser que aconteça. O livro, porque matar um leão é coisa que eu nunca entenderei, é uma coisa assim tão estranha como os portugueses que querem continuar a ter o Sócrates como primeiro-ministro. Vivo por aqui e continuo na descoberta de tanto ainda que tenho a certeza que haverei de encontrar e viver. Vivo numa terra lindíssima, de clima ameno, gente escovada e beijo o mar todos os dias na marginal. Curiosamente, mantenho uma sensação muito vívida de amar e ser amado. Também sei de gente que me detesta. Faz parte. Na verdade eu poderia continuar a escrever páginas de tanta coisa que fiz e vivi. Mas a questão é que tenho dedicado pouca atenção ao «Espumadamente» e o Sócrates tira-me do sério. Farto-me de escrever sobre ele. E com pesar verifico a generalidade e facilidade com que toda a gente lhe chama mentiroso compulsivo. É que o homem é meu primeiro-ministro, que diabo. Mas, como dizia, este Espumadamente já foi bem mais interessante. E agora anda quezilento por causa daquela criatura. Daí que me deu para fazer um post sem saber bem o que ia dizer. Espero que valha mesmo a condição de post. Porque se não valer, publico-o na mesma. Ando a dar confiança demais àquela rapaziada do PS.


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terça-feira, maio 10, 2011

O povo é sábio?

[4156]

Instalou-se na sociedade portuguesa a ideia de que o Partido Socialista é incompetente, irresponsável e causador da grave situação política e social que atravessamos. Por outro lado, que a alternativa de direita que se lhes depara carece igualmente de credibilidade. Umas vezes porque assim é na realidade, outras porque o Partido do governo, dispondo de uma poderosa organização comunicacional, explora exactamente essa vertente. O resultado é de que assim, não vale a pena mudar. Isso poderá explicar o aparente (e digo aparente porque, de um modo geral, as empresas de sondagens não são fiáveis, porque parciais e insistindo numa dinâmica de vitória sempre a favor do Partido do governo, à luz da estratégia que adoptaram) empate técnico entre os dois principais partidos de Poder. Eventualmente poderemos estar em face de uma transferência de votos do PSD para o CDS que, a avaliar pelas tais sondagens, apresentam resultados muito acima do costume, o que poderá ser um indicativo de que este Partido poderá estar à beira de um resultado nunca antes alcançado. Esta situação não seria desprezível se houvesse a garantia de que o PSD ganharia as eleições, mesmo que por reduzida margem, prefigurando-se depois uma inevitável e esperar-se-ia que profícua aliança com um CDS reforçado e, naturalmente, com mais eficácia do que a que tem tido até aqui.

Sinto, pelo que oiço e pelo que leio, que esta teoria se generalizou e que as pessoas vivem mais ou menos na presunção de que será o que vai acontecer. Porque o povo é sábio e porque o PS merece ser severamente punido pela mal que nos causou. Eu não estaria assim tão certo. O PS é um Partido poderoso nas técnicas comunicacionais, o povo poderá até ser sábio mas é consabidamente permeável às dinâmicas e estratégias instituídas. E como não prevejo uma aliança entre Portas e o PS, sobretudo depois de ter assistido ao penoso debate entre Portas e Sócrates ontem na TVI, uma vitória do PS colocaria o País numa situação bastante complicada.

Por mim, que não sou político nem jornalista, nem politólogo, nem comentarista ou paineleiro da imensa oferta nacional em matéria de comentário político acho que há uma vertente que não tem sido devidamente explorada. Muito simplesmente a de que um país não precisa apensas de uma boa gestão política, económica e social. Um aspecto determinante é, também, a decência. A decência é um fenómeno institucionalmente aceite na nossa sociedade e que, apesar de tudo e dos tratos de polé a que é sujeita frequentemente, terá de ser ainda a pedra angular de todas as outras políticas e estratégias. A ideia de que a decência tem de ser muitas vezes sacrificada ao pragmatismo político não colhe. Há mínimos exigíveis e, neste particular, talvez que o escrutínio da falta de decência de que o Partido do governo deu mostras ao longo das suas legislaturas chegasse para definitivamente arredar esta clique de gente mal formada, incompetente, arrivista e definitavemte prejudicial ao desejável esenvolvimento do nosso país. Na verdade, no combate político,vejo muita gente agarrada a PEC, ao PEC e ao PEC. Ao défice e ao orçamento e correlativos. Talvez que se alguém minimamente preparado para relembrar aos portugueses a trapalhada, trafulhice, compadrio, encobrimento, cumplicidade, corrupção, pressões, chantagem, esbanjamento de fundos, promiscuidade e outros fenómenos que foram a imagem de marca deste governo, mas relembrasse bem, ou seja, bem documentado, com um arquivo apropriado das trafulhices em que este governo esteve envolvido, chegasse para que de uma vez por todas se afastasse esta ideia peregrina de que não vale a pena mudar o sentido de voto, porque os políticos são todos a mesma coisa. Muitos políticos, de todos os partidos, são maus, realmente. Mas daí a serem todos a mesma coisa, se comparados com esta camarilha que nos governou durante estes últimos seis anos, vai um grande passo. O passo que nos levou à trágica situação em que nos encontramos.

Decência, pois. É irmos por aí e esquecermos um pouco as «tecnicalidades». Falar do extenso rol de indecência (se possível com fotos, que as há de muitas das notícias da altura). Muito provavelmente o empate técnico que as agèncias gostam tanto de citar levariam um bom pontapé. Num sítio que eu cá sei. E que poderia ser aproveitado para darmos o mesmo pontapé no Partido que tem sido a vergonha e o prejuízo de todos nós. É uma questão de explicarmos isto bem explicado às pessoas.


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segunda-feira, maio 09, 2011

A hiena ainda se ri…




[4155]

…porque come merda e copula uma vez por ano. Agora este homem, que nos colocou onde colocou e dá motivos de autêntica chacota internacional, como este artigo do Financial Times que abaixo transcrevo, ri de quê? De quê, valha-me Deus?


"José Sócrates, prime minister, has chosen to delay applying for a financial rescue package until the last minute. His announcement last week was a tragi-comic highlight of the crisis. With the country on the brink of financial extinction, he gloated on national television that he had secured a better deal than Ireland and Greece. In addition, he claimed the agreement would not cause much pain. When the details emerged a few days later, we could see that none of this was true. The package contains savage spending cuts, freezes in public sector wages and pensions, tax rises and a forecast of two years’ deep recession.

You cannot run a monetary union with the likes of Mr Sócrates, or with finance ministers who spread rumours about a break-up. Europe’s political elites are afraid to tell a truth that economic historians have known forever: that a monetary union without a political union is simply not viable. This is not a debt crisis. This is a political crisis. The eurozone will soon face the choice between an unimaginable step forward to political union or an equally unimaginable step back…"

Via JCD, Blasfémias


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Coisas boas



Clicar para ler melhor



[4154]

Talvez poucos augurassem tão retumbante sucesso ao Sabor de Maboque, da Dulce. Mas ele aí está, na sua 3ª edição e preparando-se para uma edição portuguesa muito em breve.

A Dulce, com o seu livro, prestou um bom serviço à família, aos amigos e conterrâneos, a Angola, Portugal e o Brasil e até a ela própria. Talvez não lhe ocorresse que estava igualmente a prestar um bom serviço à cidade onde reside, Campinas, BR. Mas o presidente de Câmara, prefeito como lá se diz, não estava distraído. Por isso mesmo, no grupo de personalidades que decidiu distinguir por bons serviços prestados à cidade ele não se esqueceu da Dulce e nomeou-a no capítulo da literatura. Um simples acto de justiça, afinal e é já amanhã à meia noite, hora portuguesa.

Sei que a Dulce estará bastante orgulhosa pelo evento e daqui modestamente me associo à sua alegria. Por isso mesmo lhe presto também esta pequenina homenagem dirigida sobretudo àqueles que ainda não leram o livro. Ao mesmo tempo que lhe deixo aqui o registo sincero da minha alegria pelo seu sucesso e me atrevo a dizer-lhe que está na altura de puxar pela caneta outra vez.

Parabéns, Dulce
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sexta-feira, maio 06, 2011

Um país estranho, um povo esquisito




[4153]

Vinte e quatro horas depois de a «troika» ter explicado aos portugueses, através de uma conferência de imprensa, sem paralelo naquilo que representou de humilhação para todos nós, na qual o Partido do Governo e Sócrates são frontalmente acusados como responsáveis pela tragédia que causaram a este país, é publicitada uma sondagem da Católica na qual o Partido Socialista ultrapassa, de novo, o PSD nas intenções de voto, Sócrates é votado como mais capaz que Passos Coelho mas claramente menos honesto (!!!!!).

Alguém que perceba da poda que explique isto. Por mim, desisto de entender. Ou melhor, acho até que entendo qualquer coisa mas já nem me apetece falar no assunto.

O Íbis, ave do Egipto
Pousa sempre sobre um pé
(O que é esquisito).
É uma ave sossegada
Porque assim não anda nada.

Quando vejo esta Lisboa,
Digo sempre, Ah quem me dera
(E essa era Boa)
Ser um íbis esquisito
Ou pelo menos estar no Egipto.

(Fernando Pessoa)
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quinta-feira, maio 05, 2011

Amen

[4152]

A gente podia ler isto e apenas pasmar. Seria uma das mil tonterias com que estes socialistas nos brindam todos os dias. Sobretudo se socialistas de aviário como este deputado jugular, petulante e pateta. O problema é que podíamos pasmar com os dislates e nada vir de mal ao mundo. Mas esta gente faz mal. Ao país, aos cidadãos e, talvez sem saber, a eles próprios. O que este senhor deputado diz aqui é de uma enormidade atroz, roça a religiosidade fanática e remete para uma subserviência sem nome. Porque, não conhecendo a criatura, consta que é homem da ciência dos números e de prosa composta. Bem poderia aproveitar estas prendas para estar calado, quanto mais não fosse por pudor.
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De repente temos autarquias a mais



Jorge Sampaio promovendo a aliança de civilizações no Irão em 2008, numa altura em qua ainda não se lembrava que tínhamos 308 autarquias


[4151]

Os socialistas encartados têm o péssimo hábito de se esquecerem de coisas importantes que vão dizendo ao longo dos tempos ou, pior, não têm a mínima noção do que dizem e vão dizendo, à medida das conveniências e do sabor e da fragrância dos ideais com que vão anestesiando o rebanho. Alguma dessa rapaziada é até bem intencionada, acha que é como dizem. O problema é quando percebem que não é nada daquilo e, então, não têm qualquer pejo em gritar o contrário (o socialista, normalmente, não fala, grita, um grito assente na razão que lhes advém da superioridade moral, destreza intelectual e a habitual dificuldade ou impossibilidade de conviver com a liberdade, por muito herética que esta formação possa merecer).

Isto a propósito da correria que, de repente, vai por aí com uma das recomendações da «troika», qual seja a de reduzir o número de freguesias e concelhos. Jorge Sampaio, que para além da tuberculose e da aliança das civilizações percebe imenso de autarquias, veio já a lume falar da necessidade imperiosa e urgente de reduzir o número de autarquias. E a TSF deu-lhe os quilociclos necessários para que ele produzisse uma alocução didáctica (e paciente, notava-se...) sobre o excesso das nossas 308 autarquias e uns quantos milhares de freguesias.

Longe vão os tempos em que o rebanho era martelado com a ideia de que o poder estava finalmente nas mãos do povo e a tropilha socialista polvilhou o território com uma miríade de freguesias e concelhos. Agora acham que são demais…

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quarta-feira, maio 04, 2011

Nu e Cru

[4150]

Tenho um conflito particular com dois estados de alma que não acomodo nas minhas gavetas de tolerância.

O do mau feitio.


Porque acho que uma pessoa só tem mau feitio se lhe derem espaço e tempo para o ter. Por outras palavras, sempre achei que quem tem mau feitio, tem mais é que ter mau feitio sozinho e não chatear o próximo. Que é uma coisa que o detentor de mau feitio se habituou a fazer – chatear meio mundo, no pressuposto de que esse meio mundo o tolera e desculpa exactamente porque tem mau feitio.

E o dos doidos.

Porque até entendo as razões clínicas que possam existir a montante desta situação, mas são frequentes os desenlaces fatais exactamente provocados pelos doidos. Tiroteios em escolas, massacres de vária ordem, sequestros obscenos e quase sempre resultantes em assassínio, etc.

Para ambos os estados de alma que referi existe, muitas vezes, a tendência da desculpabilização, por força de várias circunstâncias, uma delas sendo, inaceitavelmente, a mania de que somos ou devemos ser politicamente correctos. Este episódio, por exemplo, de que não conheço detalhes a não ser os descritos na notícia, encerra, possivelmente, todo um histórico de dificuldades da mãe que talvez tenha tido que lutar com as taras do companheiro e com os caprichos da justiça que, quem sabe, lhe cerceou a possibilidade de se ver a salvo do companheiro que lhe havia de matar a filha.

As pessoas com mau feitio deviam ser deixadas a falar sozinhas. E os doidos deviam ser tratados. Mas, sobretudo, impedidos de fazer mal aos outros, como muitas vezes acontece.
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Sufoco



[4149]

Não conheço o critério de selecção de comentaristas e politólogos (o termo mais bem apanhado que me ocorre...) das televisões em geral e da SIC em particular. Mas colocar um tal de André Freire, a propósito da comunicação de Sócrates sobre o FMI, fazendo uma sessão de barata propaganda ao Partido Socialista e a não conseguir conter os seus azedumes sobre o CDS e o PSD não lembra ao careca. Ou melhor, lembra aos carecas que detêm o poder de decisão nestas coisas e não resistem em meter uma cavilha deste tipo sempre que podem. Como é o caso, flagrante, de António José Teixeira, na SIC.

Desta sessão valeu-nos a honestidade política e o discernimento do jornalista Gomes Ferreira para diluir a bílis do tal André. Sobretudo quando disse, preto no branco, que Sócrates e este governo deveriam ser responsabilizados pela sua acção danosa durante estes últimos seis anos. O silêncio a posteriore foi bem elucidativo.
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Cara de pau




[4148]

Entrou mudo e saiu calado. Cenho carregado, vendido às necessidades do momento, diria até que envergonhado, Teixeira dos Santos prantou-se ao lado do nosso inenarrável primeiro ministro, aceitando fazer figura de corpo presente, sem esboçar uma expressão de registo, um pequeno rito facial que denunciasse o que lhe ia na alma. Esfíngico, ouviu o chefe fazer a sessão de propaganda do costume, sobretudo quando disse que desta vez ele esperava que a Oposição tivesse sentido de Estado.

Teixeira de Santos conteve o valor residual de dignidade que deve manter nas tripas e manteve a compostura. E saiu como entrou. Calado.
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Cheap stuff



[4147]

Sério, não acho extraordinária a badalada capacidade de Sócrates em comunicar e em estabelecer estratégias de comunicação. No fundo, cada vez que o oiço não consigo dissociar a sua imagem de um refrigerante barato, formulado num país de terceiro mundo com uma legislação permissiva sobre a qualidade dos produtos. De tudo o que ele diz escorrem corantes, conservantes, «preservers», toneladas de açúcar mascavado e uma panóplia infinda de químicos «food grade». O que eu acho verdadeiramente extraordinário é que, no fundo, a coisa «cola». Funciona. E, como aconteceu ontem naquela patética comunicação de propaganda em que Sócrates anunciou o que o acordo com o FMI não tem, ficamos todos a achar que o governo e o primeiro ministro fizeram um trabalho notável e conseguiram dar a volta à «troika».
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